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TRABALHOS MAÇÔNICOS


    SÍMBOLO, ALEGORIA E EMBLEMA



            Irm. Robson Rodrigues da Silva


Em linhas gerais, o ensino maçônico abrange História da Maçonaria, Ritos, Ritualística e Liturgia, Simbolismo, Direito e Legislação Maçônica, Administração Maçônica, Ética e Moral Maçônica, Filosofia.


Todavia, a Maçonaria transmite a maior parte das suas ideias e seus ensinamentos através de símbolos, alegorias e emblemas. Daí a importância do estudo do simbolismo.


Os símbolos, na Maçonaria, são uma forma de transmissão velada, exatamente para que seus ensinamentos e ideias sejam acessíveis somente aos Iniciados. Os não Iniciados, por maior esforço e livros que leiam sobre Maçonaria, jamais chegarão ao conhecimento dos augustos mistérios maçônicos. Esta sé uma prática comum adotada por várias escolas iniciáticas do passado.


Em muitos estudos maçônicos, escritos ou orais, são feitas referências ora a símbolos, ora a alegorias e emblemas. No entanto, nem sempre fica claro para o estudioso maçom o que vem a ser símbolo, alegoria e emblema.


Quando citamos, por exemplo, isoladamente, o Compasso, ou o Esquadro, sob o ponto de vista do simbolismo maçônico, estamos nos referindo a eles como símbolos. Todavia, quando juntos, Esquadro e Compasso formam um emblema. Assim, quando temos juntos Compasso, Esquadro e Livro da Lei, temos as Três Grandes Luzes Emblemáticas da Maçonaria. São Luzes porque levam ao esclarecimento, à sabedoria, ao conhecimento. Essas Luzes, isoladamente, podem ser vistas como símbolos, mas quando reunidas, formam um Emblema na Maçonaria.


Mas vamos, passo a passo, fazer a distinção necessária entre Símbolo, Alegoria e Emblema.


Símbolo, segundo o Irm. Joaquim Gervásio de Figueiredo é a representação gráfica ou pictórica de uma ideia ou princípio. Assim, quando nos deparamos em um texto maçônico com uma escada podemos interpretá-la como um símbolo, ou seja, como uma representação pictórica que exprime a ideia de ascensão.


No dizer do Irm. José Castellani os Símbolos Maçônicos representam a maneira velada através da qual a instituição maçônica dá, aos seus Iniciados, as lições de moral e ética, que fazem parte de sua doutrina. E eles são, de maneira geral, os instrumentos ou figuras, ligados à arte da construção, e tanto podem ter uma interpretação alegórica, ou mística.


Embora haja uma certa liberdade quanto à interpretação dos símbolos é bom que se diga que eles têm uma origem definida e têm significados específicos. Assim, não é lícito em nome de um pretenso esoterismo ou ocultismo sair por aí dando interpretações completamente descabidas. A Loja Maçônica não é um lugar de psicanálise, onde cada qual interpreta os Símbolos como lhe aprouver, diz o Irm. Theobaldo Varoli Filho. Isto ele fala em resposta àqueles que afirmam que as Colunas Vestibulares são os órgãos masculino e feminino, que o Esquadro e o Compasso unidos representam o coito, que a letra "C" alude ao órgão gerador masculino. Ora, tudo isso não só é pura licenciosidade, como tolice e irresponsabilidade, pois não atenta para um mínimo de lógica, coerência e bom senso.


Portanto, a liberdade na interpretação dos símbolos, deve vir acompanhada da necessária responsabilidade.


Alegoria é a exposição de um pensamento sob forma figurada. Alegoria é palavra de origem grega que significa "falar de outra maneira". No dizer do mesmo Irm. Castellani, representa uma imagem literária, que, além do siginificado literal, possui um sentido oculto, sendo, as abstrações, ou coisas inanimadas, representadas por personagens, situações, ou enredos e, sempre, através de uma contínua linguagem figurada. Em geral, as alegorias envolvem ensinamentos de ordem moral. Na Maçonaria, muitas lendas utilizadas em seus vários graus, são puras alegorias.


Um exemplo típico de uma alegoria é o quadro de um Aprendiz desbastando uma pedra bruta. Por isso se diz "Painel Alegórico do Aprendiz". Ao observarmos esse quadro extraímos imediatamente vários ensinamentos ocultos relativos ao aprendizado do primeiro grau. Já o Painel do Grau de Aprendiz está repleto de símbolos relativos à arte da construção. Devido a isso, ele é chamado de Painel Simbólico do Grau de Aprendiz. Mas também existe um Painel no Grau de Aprendiz contendo alegorias. É chamado de Painel Alegórico do Grau de Aprendiz.


Emblema é o distintivo ou insígnia de uma dada instituição, sociedade ou associação. É a mais simples representação de uma ideia. Em geral o emblema não requer grandes interpretações, pois o seu significado é fixo e de rápida percepção, o que o diferencia bastante de um símbolo ou uma alegoria. Assim, quando vemos uma âncora, de imediato, a ideia que nos vem à mente é a Marinha. Uma mulher com os olhos vendados, segurando em uma das mãos uma balança e na outra uma espada, nos leva à associação, de pronto, com a Justiça. Um Esquadro e um Compasso com a letra "G" ao centro, lembra a qualquer um, maçom ou não, a Maçonaria. Uma pomba, a paz.


É importante, ainda, ressaltar que, embora os símbolos maçônicos sejam praticamente os mesmos nos vários Ritos, no que diz respeito ao Rito Moderno eles devem ser interpretados sob os aspectos ético e ideológico, excluindo-se interpretações de ordem metafísica, mística ou religiosa. Isto porque o Rito Moderno, embora deísta em sua origem, evoluiu sob a influência do iluminismo. Assim, a interpretação dos símbolos no Rito Moderno deve ser feita basicamente sob a ótica do racionalismo, entendendo-se este como a posição filosófica que afirma a primazia da razão humana. Nesse sentido, o Delta Radiante, nos Ritos teístas simboliza a divindade, enquanto no Rito Moderno (Triângulo Luminoso) representa a ciência que ilumina e há de iluminar sempre e cada vez mais a humanidade. O olho aberto, no interior do Delta, simboliza a sabedoria que observa e prevê a vitória do bem sobre o mal.


Vejam, portanto, como varia a interpretação de um mesmo símbolo de um Rito para outro. Isto contudo não significa que a interpretação desse ou daquele Rito é a mais correta. Significa apenas que, em Maçonaria, a interpretação de um determinado símbolo deve levar em conta os princípios e diretrizes estabelecidos pelo Rito.


Bibliografia consultada:


CASTELLANI, José. Consultório Maçônico. nº 1, Londrina, Editora "A Trolha", 1990.


_________. Dicionário Etimológico Maçônico - vol. P. Q. R. S. Editora "A Trolha", 2002.


COSTA, Frederico Guilherme e CASTELLANI, José. O Rito Moderno -- a Verdade Revelada, Londrina, Editora "A Trolha", 2005.


FILHO, Theobaldo Varoli. Simbologia e Simbolismo da Maçonaria. Londrina, Editora "A Trolha",2000.


RODRIGUES, Raimundo. A Filosofia da Maçonaria Simbólica. Londrina, Editora "A Trolha", 1999.


SILVA, Robson Rodrigues da. Reflexos da Senda Maçônica. São Paulo, Editora Madras, 2004.




                   A MARCHA DO APRENDIZ



                                         Irm.: Robson Rodrigues da Silva







     Inicialmente deve ser esclarecido o significado de marcha. Marcha é o ato ou efeito de marchar, caminhar.
     Na maçonaria uma marcha específica é usada para cada grau e cada Rito Maçônico possui igualmente a sua marcha específica. Portanto, a marcha varia em alguns casos de acordo com o Rito.
     Os Maçons executam a marcha, pois esta representa a forma de caminhar em Loja em busca da Luz do conhecimento. No caso do Aprendiz este só sabe dar três passos em busca dessa Luz.
     A origem desses três passos, ou seja, o porquê dos mesmos, nunca foi explicado, nem há qualquer registro na história. Alguns escritores maçônicos [1] especulam, acreditando que os três passos se devem ao fato do lugar onde eram feitas as cerimônias maçônicas (as Tabernas) ser muito pequeno.[2]
     Outra especulação também é feita em relação ao número três dos passos. O que se pode dizer é que este número não é exclusivo da Maçonaria. A Maçonaria o adotou para o Grau de Aprendiz, pois este número é considerado sagrado ou mágico e sempre foi usado por quase todos os povos da antiguidade.
     A marcha do aprendiz é feita em linha reta, pois, simbolicamente, se sair do caminho reto não saberá a ele retornar. Ela tem início quando o Obreiro ingressa no Templo e, no Rito Escocês Antigo e Aceito, ela é rompida com o pé esquerdo, o mesmo ocorrendo em relação aos Ritos Brasileiro e Schröeder. Nos Ritos Adonhiramita e Moderno os passos são rompidos com o pé direito. A cada passo dado, é formada uma esquad\, com a junção dos calc\, e sempre à ordem. Esta é a única exceção em que o Obreiro ao caminhar, o faz estando à ordem. Em outras oportunidades o Obreiro caminha normalmente pelo Templo sem estar à ordem.


     Também muita tinta foi gasta para tentar justificar a forma correta de romper a marcha, ou seja, se com o pé esquerdo ou o direito. Uns alegando que deveria ser com o pé esquerdo, pois este é o lado do coração, da emoção; outros, com o pé direito, pois era o lado da razão. A cada passo dado com o sentimento da emoção, juntava-se outro, com a razão. Assim, emoção e razão estariam sempre em equilíbrio. No entanto, tudo isso é apenas especulação, sem nenhuma justificativa histórica. Originariamente, nas Lojas inglesas, os passos eram rompidos com o pé direito. Mas como essa forma de executar a marcha foi revelada por um Irmão indigno chamado Samuel Prichard, que publicou um livreto revelando alguns segredos da Maçonaria, a Grande Loja de Londres resolveu mudar, para impedir o ingresso de profanos nas reuniões maçônicas. Os Ritos Moderno e Adonhiramita, de origem francesa, preferiram continuar segundo a origem inglesa.



Bibliografia:


Castellani, José. Dicionário Etimológico Maçônico, Editora a Trolha, Londrina, 1988.
Ritual do Grau de Aprendiz do Rito Escocês Antigo e Aceito, edições do GOB.
SILVA, Robson Rodrigues da. Pompas Fúnebres e Outros Estudos Maçônicos. Editora A Trolha, Londrina, 2009.
XICO TROLHA. Ponte para a Liberdade. Editora A Trolha, Londrina, 2004.














--------------------------------------------------------------------------------[1] É o caso do Irm\ Assis Carvalho, também conhecido como Xico Trolha.
[2] É importante lembrar que inicialmente os Maçons se reuniam nos Adros das Igrejas, portanto, junto ao local em que trabalhavam uma determinada construção. Posteriormente passaram a se reunir nas Tabernas. Só em 1776 foi construído o primeiro local para ser usado pelos Maçons e que ficou denominado de Templo.










Algumas Considerações sobre o Painel do Rito Moderno

Irm. Vinícius Antonio Couto Esposel (*)

- Introdução-

Tenho por bem dar início a este singelo trabalho com o objetivo de melhor aclarar o(s) verdadeiro(s) significados do Painel de Grau do Rito Moderno do Grau 1 – Aprendiz Maçom.

Antes, porém, entendo como que necessário elucidar algumas questões que me parecem deveras importante para o prosseguimento do objetivo a alcançar nestas desluzidas palavras.

-Símbolo-

O símbolo ou signo especifica algo que seja significante. Trata-se de demonstrar um elemento essencial de comunicação.

O reconhecimento do símbolo é imensamente variável conforme a cultura, os costumes e até mesmo a época, mas o seu objetivo é sempre o mesmo, determinar ou ainda demonstrar comunicação.

A escrita é um símbolo, os gestos, cartazes de propaganda, tudo resulta em uma forma de comunicação e, portanto, Símbolos.

O ser humano possui substancial necessidade e até mesmo melhor facilidade em entender determinados aspectos de seu cotidiano através de símbolos. Tomemos por exemplo o nosso próprio dia-a-dia.

A representação específica para cada símbolo pode surgir como resultado de um processo natural ou pode ser convencionada de modo a que o receptor (uma pessoa ou grupo específico de pessoas) consiga fazer a interpretação do seu significado implícito e atribuir-lhe determinada conotação. Pode também estar mais ou menos relacionada fisicamente com o objeto ou idéia que representa, podendo não só ter uma representação gráfica ou tridimensional como também sonora ou mesmo gestual.

Segundo Carl Gustav Jung, os seres humanos possuem a premente necessidade de sensibilizarem diante de símbolos que de alguma forma lhes trazem algum significado importante. Diante da vizualização sentimentos afloram, conceitos e associações são melhor assimilados.

Verdadeiramente os símbolos vieram a demonstrar a necessidade do ser humano deixar gravado as suas idéias e pensamentos.

Especificamente, para os maçons, a utilidade dos símbolos atingia mais de um propósito.

O primeiro era realmente deixar gravado na mente de seus membros a necessária representatividade de seus segredos e mistérios. O segundo e talvez o mais importante seria deixar os denominados profanos na penumbra do conhecimento maçônico.

Para Albert Pike, Grande Comandante da Jurisdição do Sul do R.E.A.A entre 1859 e 1891, os Símbolos Maçônicos "ocultam" e não revelam os seus ensinamentos, importando revelar somente ao iniciado.

Tanto para a maçonaria operativa quanto para a especulativa, os símbolos compreendiam e até hoje compreendem a necessidade de impingir um conhecimento diferenciado. Fazer lembrar os Princípios, Origens e até mesmo o comportamento diante dos símbolos e seus significados.

Observei, diante do estudo empreendido, que o ser humano, desde sua fase mais primitiva tenta exteriorizar seus pensamentos e ações através de toda uma gama de símbolos que tem como objetivo contar uma história, uma situação. É também uma forma de deixar consignado de forma indelével seus sentimentos, suas características e nuances de determinado momento.

Vejamos a aplicação diretamente no painel de grau do Aprendiz Maçom sob a ótica mencionada.

- Painel de Grau-

A origem do termo é espanhola. Significa “pano”, com sentido de quadro. Assim, temos o que chamamos “Quadro de Pano”.

A meu sentir, tem como significado simbólico o de orientar os trabalhos. Demonstrar os símbolos que regem os trabalhos de determinado grau maçônico e elevar o pensamento à além de simples figuras.

O Painel do grau de Aprendiz não é diferente eis que formata um resumo de todos os ensinamentos afetos ao grau.

De frente para o painel, precisamente pelo lado esquerdo, transpostos os três degraus de ascensão nos fazendo lembrar a necessária tríade escalonada para alcance do grau de Mestre, o que me chama a atenção em primeiro plano é a coluna “J”, especificamente nomidada de Jakin.

Através de uma interpretação latina, Jaquim significa “Ele firmará”. Somada a coluna “B” – Boaz – força temos a complementação: “Ele firmará a força”.

Por seu aspecto, coluna traduz força, imponência da construção arquitetônica. Sobre a qual repousam as romãs, símbolo da união fraternal maçônica.

Podemos assim antever: COLUNA = FORÇA + UNIÃO.

A maçonaria verdadeiramente estruturada representada pela Coluna resulta da força entre irmãos e sua natural união.

Ao lado da coluna “J” visualizamos o malho e o cinzel. O primeiro (malho) instrumentaliza a idéia de trabalho braçal, do uso da força. Nâo é instrumento de criação mas sim de desbastação. Sempre retira e jamais recoloca aquilo sob o qual atuou.

Já o cinzel, representa o trabalho inteligente. A capacidade do desbaste, da criação.

Unidos, o malho e o cinzel representam a vontade, a força que o aprendiz deve exercer para se tornar ou pelo menos sempre buscar seu aperfeiçoamento exterior e interior.

O dualismo, neste caso: FORÇA + INTELIGÊNCIA = DESENVOLVIMENTO DE UM SER MELHOR.

Meditei sobre o assunto e observei ainda que a força empregada para desbastar a pedra bruta não ocasiona apenas uma mudança externa desta. As pancadas também são sentidas pelo interior da pedra. Significa dizer que o árduo trabalho de desbaste ocorre exterior e interiormente. Aonde o indivíduo (Aprendiz) deve insistir principalmente em mudanças de seu interior, de seus pensamentos, de sua própria relação consigo mesmo. No futuro, com o desbaste da pedra bruta a transformação exterior ocorrerá de forma igualmente precisa.

Registre-se ainda o prumo, estrategicamente alocado acima das romãs. Não representa apenas profundidade do conhecimento e sua retidão. Enfoca também cautela, prudência, perspicácia e sagacidade sob o foco da união, ou seja, não basta o aperfeiçoamento unipessoal. É preciso e até mesmo necessário que o conhecimento seja unificado e afeto a todos os irmãos.

Neste ponto, forma-se a tríade: ESTABILIDADE + UNIÃO + RETIDÃO = CONHECIMENTO (representado pela Lua acima do prumo).

Acima e a esquerda da coluna “J”, focalizamos a prancha de traçar.

Historicamente, a prancha de traçar tinha como objetivo de manter em sigilo absoluto as comunicações maçônicas. Hodiernamente, verifico que tal posicionamento acabou ultrapassado visto que a Maçonaria não é mais considerada Secreta e sim Discreta.

Segundo o Dicionário Maçônico do autor Rizzardo de Camino, a prancha de traçar é o local destinado a receber uma mensagem ou produzir uma comunicação.

Mediante um olhar um pouco mais atento, percebi que a prancha fica posicionada entre as romãs e o prumo, formando uma nova perspectiva: UNIÃO + CONHECIMENTO = RETIDÃO (no sentido de pensar – de almejar aquilo que está dentro de um padrão de aceitabilidade não só entre irmãos, mas também por toda a sociedade).

Ouso em afirmar que o somatório realizado entre a união e o conhecimento ou retidão resulta no aperfeiçoamento maçônico a ser transcrito na prancha para futuras gerações.

Podemos assim finalizar este breve estudo sob o foco de convergência onde tudo que está simbolicamente traçado no painel do rito possui muito mais do que um significado único. Somados, ou melhor, traduzidos em conjunto podemos melhor enxergar muitos dos aspectos característicos do grau de Aprendiz.

(*) Apr. Maç. – A.R.L.S. Francisco Murilo Pinto nº 3394 – Or. Niterói.

                    O CANDELABRO MÍSTICO

                       Irm. Robson Rodrigues da Silva

         A maioria dos Graus que compõem à Loja de Perfeição pertence à classe também denominada Graus israelitas, bíblicos, judaicos, salomônicos, principalmente por estarem baseados na Bíblia e constituírem um desdobramento da Lenda do 3º Grau. Por isso, estão recheados de passagens, lendas, símbolos, extraídos do Livro Sagrado, particularmente da Torá ou Pentateuco, ou seja: os cinco primeiros livros da Bíblia (Gênese, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio).
         Não é de estranhar, portanto, que o Candelabro de Sete Braços – o Menorá dos hebreus -- esteja presente na decoração da Loja de Mestre Secreto, bem como na de Perfeito e Sublime Maçom, nesta última denominado de CANDELABRO MÍSTICO.
         O Menorá, que significa Candelabro, de tão importante para a civilização hebraico-judaica, é considerado um dos principais símbolos da religião mosaica. Tanto é assim que hoje o Menorá é usado como brasão do Estado de Israel, o qual foi estabelecido no século passado, em 1948. Ele já estava presente entre os hebreus desde a construção do Tabernáculo, determinada por Moisés, por ordem de Javé, quando este conduzia seu povo pelo deserto, fugindo do Egito em direção à Palestina. Era no Tabernáculo que os israelitas oficiavam seus cultos, até que o Rei Salomão mandasse construir o famoso Templo de Jerusalém, o primeiro, já que dois outros foram construídos posteriormente. Melhores detalhes sobre a construção do Tabernáculo e seu mobiliário -- dentre os quais o Menorá -- são encontrados no Livro de Êxodo, capítulo 25, versículos 10 a 22.
         O Menorá ou “Candelabro de Sete Braços” também foi construído por ordem de Javé, segundo o que consta nos versículos 31 a 39 do mesmo capítulo do livro de Êxodo, como aqui transcrito:
                 “Farás um Candelabro de ouro puro; e o farás de ouro batido, com o seu Pedestal e a sua haste; seus cálices, seus botões e suas flores formarão uma só peça com ele. Seis braços sairão dos seus lados, três de um lado e três de outro. Num braço haverá três cálices em forma de flor de amendoeira, com um botão e uma flor; noutro haverá três cálices em forma de flor de amendoeira, com um botão e uma flor; e assim por diante, para os seis braços do Candelabro. No Candelabro mesmo haverá quatro cálices em forma de flor de amendoeira, com seus botões e suas flores: um botão sob os dois primeiros braços do Candelabro, um botão sob os dois braços seguintes e um botão sob  os dois últimos: e assim será com os seis braços que saem do Candelabro. Estes botões e estes braços formarão um todo com o Candelabro, tudo formando uma só peça de ouro puro batido. Farás sete lâmpadas que serão colocadas em cima, de modo a alumiar a frente. Seus espevitadores e seus   cinzeiros serão de ouro puro. Empregar-se-á um talento[1] de ouro puro para confeccionar o Candelabro e seus acessórios”.   
         Segundo Nicola Aslan,[2] um dos nossos maiores escritores maçônicos, tanto Flavio Josefo como Filon, e também Clemente, bispo de Alexandria, pretendem que o Candelabro de sete braços representava os sete planetas conhecidos da antiguidade:
             “De cada lado partem três braços, suportando cada um uma lâmpada, diz este último; no meio estava a lâmpada do Sol, centralizando os seus braços, porque este astro, colocado no meio do sistema planetário, comunica sua luz aos planetas que estão abaixo e acima, segundo as leis de sua ação divina e harmônica”.
        
    POSIÇÃO DO CANDELABRO MÍSTICO DE SETE BRAÇOS

         NO TABERNÁCULO

         No Tabernáculo, ou tenda, o Menorá era colocado ao norte, no local denominado Santos dos Santos (em hebraico: Kodesh ha Kodashim), simbolizando não só a luz dos sete “planetas” conhecidos na antiguidade (Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno), como também os ventos setentrionais, que traziam a chuva, estimulando o desenvolvimento das plantações. [3] É preciso, no entanto, salientar que nem todos eram planetas, pois o Sol é uma estrela e a Lua, um satélite.

         NO PRIMEIRO TEMPLO DE JERUSALÉM

         Por ocasião da construção do primeiro Templo, em Jerusalém, tanto o Menorá como os demais utensílios utilizados no Tabernáculo seguiram a mesma disposição.

         NA LOJA DE MESTRE SECRETO

         Na Loja de Mestre Secreto o Candelabro Místico de Sete Luzes é posicionado a frente da Arca da Aliança, sendo certo que esta fica ao lado direito do Trono.

         NA LOJA DE PERFEITO E SUBLIME MAÇOM

         É posicionado igualmente no Oriente, no ângulo direito do Trono, representando o Sol com os Planetas, como era o entendimento dos antigos.  

              O número sete (sete braços ou sete luzes) constante do Candelabro Místico não foi escolhido aleatoriamente, pois se trata de um número considerado sagrado para os antigos povos, que lhe atribuíam um valor mágico e astrológico. Os hebreus não ficaram imunes às inúmeras influências herdadas de outros povos e daí que é possível ver o número sete em várias passagens bíblicas.
              Na Maçonaria, o número sete também tem uma importância vital. Sete são as ciências que o maçom deve conhecer: Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética, Geometria, Música e Astronomia. É o número místico do Mestre e simboliza a perfeição alcançada na evolução espiritual.
              O Candelabro Místico de Sete Braços está presente nas Lojas de Mestre Secreto e de Perfeito e Sublime Maçom porque era um dos principais utensílios do Tabernáculo e, posteriormente, também do Templo de Jerusalém. A Maçonaria do século XVIII pegou emprestado este e outros objetos da Religião Hebraica, dado o elevado valor histórico e simbólico, em especial para os chamados Altos Graus. 


BIBLIOGRAFIA:
ASLAN, Nicola, Instruções Para Lojas de Perfeição, Editora Maçônica “A Trolha”, 3ª edição, Londrina – PR – 2004.
_____ , Grande dicionário enciclopédico de Maçonaria e Simbologia, vol. I, Editora Maçônica “A Trolha”, Londrina – PR – 1996.
CAMINO, Rizzardo da, Os Graus Inefáveis – Loja de Perfeição, Editora Aurora, Rio de Janeiro.
CASTELLANI, José, Dicionário Etimológico Maçônico, ABC, Editora Maçônica “A Trolha”, Londrina – PR, 1990.
XICO TROLHA e CASTELLANI, José, O Mestre Secreto, Editora Maçônica “A Trolha”, Londrina, PR – 3ª edição, 2002.
RITUAIS dos Graus 4 e 14.



[1]  Um Talento compreendia 60 minas de 50 ciclos cada uma. O ciclo, segundo a unidade pesada, valia, mais ou menos, 16,37 gramas, enquanto que, segundo a unidade ligeira, valia cerca de 12 gramas. O talento equivalia portanto a 48 kg, segundo a unidade pesada ou a 36 kg, segundo a unidade ligeira.
[2] Nicola Aslan, Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia, vol. I, Editora Maçônica “A Trolha”.
[3] José Castellani, Dicionário Etimológico Maçônico – ABC – Editora Maçônica “A Trolha”. 





                             

Como Apresentar Trabalhos Escritos em Loja


          Não é fácil escrever e, muito menos, desenvolver uma “Peça de Arquitetura” para ser apresentada em Loja. Mas também não se pode dizer que seja difícil ou extremamente complicado. Basta seguir algumas dicas e tudo se tornará mais simples.
          Infelizmente, muitos Irmãos, premidos pelas circunstâncias e por falta de orientação, se valem do meio mais fácil, que é a colagem de trabalhos da Internet ou de textos de livros e revistas, sem indicar a fonte que se serviu. Quem perde com isso é o próprio autor, que, além de violar um direito autoral e não realizar a necessária pesquisa deixa de aprender um pouco mais sobre o assunto. 
          Para escrever bem é preciso ler bastante, prestar atenção na forma como os textos são escritos, como as ideias são apresentadas, consultar bons livros e dicionários e, por fim, ter coragem, ser atrevido. Afinal, se tantas pessoas escrevem porque você também não poderá fazê-lo.
          Escolha em primeiro lugar o tema que pretende desenvolver. Em seguida, consulte sobre o assunto em livros, jornais, revistas, na Internet. Faça uma lista dos assuntos que irá tratar e os argumentos a serem desenvolvidos; busque ilustrações, citações; procure confrontar as opiniões de vários autores. Pense o que dirá no início (introdução), no meio (desenvolvimento) e no fim do trabalho. Faça um esquema; coloque tudo no papel e comece a escrever.
          O texto deverá ter o máximo de objetividade, clareza, coerência e concisão. É importante não querer demonstrar erudição, conhecimento que você não tem. Evite palavras ou expressões que você não conhece o significado.
          Não existem dúvidas que a melhor maneira de começar algo é iniciá-lo. Os chineses há muito já diziam: “Uma viagem de mil léguas começa com o primeiro passo”.
          A seguir procuramos mostrar passo a passo o mínimo do caminho a ser percorrido para que você apresente sua “Peça de Arquitetura” em Loja de maneira elogiável, ética e responsável. 
                                    

                          TÍTULO DO TRABALHO




                 O título do trabalho deverá estar centralizado na primeira página.
Fonte Times New Roman, 24, sublinhado.








Nome do Autor:                             

C.I.M.
Apr.: M.:
   

     Atenção:
Nome por extenso
Identificação Maçônica
Alinhamento à esquerda
Fonte: Times New Roman
Tamanho: 20

 

                          SAUDAÇÃO AOS PRESENTES 

À G D G A D U
Ven M
Irm.: 1º Vig.:
Saudação Maçônica
Irm.: 2º Vig.:
Estimados IIrm
(ou Caríssimos ou Respeitáveis)
 


 
Obs.: Não existe uma regra fixa, rígida e determina para a saudação aos presentes. Todavia, deve ser observada a hierarquia de cargos e graus. Assim: Os principais Cargos em Loja são: Venerável Mestre, 1º Vigilante e 2º Vigilante. Os detentores destes cargos são as Luzes da Loja (Luzes da Sabedoria); são também os três principais governantes da Loja (3 a GOVERNAM, 5 a compõem e 7 a completam). Isto não significa que eles estejam acima de outros cargos dos Altos Corpos do Simbolismo. Apenas quando EM LOJA eles são os principais. Apenas quando presente o Grão- Mestre este deve ser saudado primeiro que o Venerável Mestre.  

EXEMPLO DE SAUDAÇÃO GERAL:
 Luzes, demais autoridades e dignidades presentes, meus demais Irmãos. (Esta saudação é simples, objetiva e cumprimenta de forma cordial e respeitosa a todos os presentes). 1.Introdução (todos os tópicos do trabalho deverão obedecer a formatação:Times New Roman, tamanho 14, sublinhado e no espaço 1,5).  
   Atenção:
Na introdução são feitas breves considerações sobre o tema do trabalho de forma a dar uma visão geral do mesmo. Todo o texto do trabalho deverá ser redigido na fonte Times New Roman, tamanho 12, com espaçamento 1,5.   

 
     Um texto deverá ter sua introdução (início), desenvolvimento (meio) e conclusão (fim).
A introdução é o início propriamente dito do trabalho e deve conter um resumo, em poucas linhas, daquilo que será desenvolvido no restante do texto. Ela deve ser breve e nunca deverá ter o tamanho igual ou superior ao do desenvolvimento.
Praticamente tudo que será discutido no desenvolvimento do trabalho já deverá vir descrito, em linhas gerais, na introdução. É a partir dela que o leitor terá uma ligeira informação sobre o conteúdo do tema a ser tratado.
No entanto, a introdução não necessariamente deverá ser feita em primeiro lugar quando da elaboração do texto do trabalho. Caso você ainda não tenha uma ideia completa sobre o tema que irá tratar, desenvolva-o e, depois, faça a introdução. 

       Desenvolvimento 

É o desdobramento do trabalho. No desenvolvimento, o autor deverá discutir os assuntos apresentados na introdução. Em um ou mais parágrafos escreve-se sobre cada um dos argumentos elencados na introdução.
É a parte mais importante do trabalho. É justamente o momento em que podemos nos aprofundar nas ideias que, até então, haviam sido apenas mencionadas superficialmente na introdução.
É ainda durante o desenvolvimento do texto que serão apresentadas ilustrações, citações e os argumentos que você dispõe para comprovar a sua tese.
Embora em todo o texto deva ficar transparente sua opinião pessoal, devem ser evitadas expressões como “eu acho que”, “eu penso que”.

 
2. Simbologia (caso seja pertinente ao tema) Neste item o autor do trabalho discorrerá brevemente sobre os aspectos simbólicos do assunto tratado. ATENÇÃO: Somente discorrer sobre simbolismo se o tema pedir. COMO PROCEDER: 1º Colocar a opinião do autor sobre o que entende sobre determinado símbolo ou aspectos simbólicos; 2º Citar a opinião de outros autores.
          Exemplo:
  Segundo  o grande escritor X:   
        “xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
           xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx” ( 1) 

               ILUSTRAÇÕES
As ilustrações são complementos do texto. Podem ser: desenhos, símbolos, fotografias, etc. Devem ficar tão próximos o máximo possível do lugar em que foram mencionadas. 3. Significado místico, religioso ou esotérico (somente caso seja pertinente ao tema do trabalho). Neste item são descritos os aspectos místicos, religiosos ou esotéricos sobre o tema do trabalho.   


4. Ritualística, História, Legislação (caso seja pertinente ao tema do trabalho). 
     Neste item o autor deverá discorrer brevemente sobre ritualística, história ou legislação, para demonstrar ou ilustrar melhor sobre o que está tratando no tema do trabalho. 

5. Conclusão (ou Conclusões). 
     Esta é a principal parte do trabalho. Neste item o autor deverá colocar, com as próprias palavras, suas impressões pessoais sobre todo o tema apresentado. 

6. Bibliografia 
     Citações com base na ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas 
     Exemplo: 
1. CASTELLANI, José. O Rito Escocês Antigo e Aceito. Editora “A Trolha”. Londrina. 1996. 
2. BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica. Ed. Pensamento. São Paulo. 2001. Saudação final Que o Gr Arq do Univ ilumine a todos. Nome completo do autor: C.I.M. Apr Maçom Data Assinatura. 

                                    SAUDAÇÃO FINAL:
Que o Gr Arq do Univ ilumine a todos. Nome completo do autor: C.I.M. Apr Maçom.
                                                 Data
                                           Assinatura.  

OBSERVAÇÕES FINAIS: 

- Caso a Loja trabalhe no Rito Moderno não é usada a fórmula “À Glória do Grande Arquiteto do Universo”.
- Deve ser evitada a abreviatura GADU, que é incorreta. A abreviatura correta é Gr Arq do Univ
- Também não se deve usar ARLS e sim Aug e Resp Loj Simb (ou A R L S ).
- Este modelo de trabalho é para o TEMPO DE ESTUDOS. Deve conter, no máximo, três folhas de texto, pois a leitura do mesmo de forma pausada, ou a sua exposição oral, já durará aproximadamente 15 minutos.
- Caso a Peça de Arquitetura seja para Aumento de Salário o tema deverá ser desenvolvido de forma mais aprofundada, com mais detalhes e em maior números de páginas. Mas sempre seguindo este mesmo modelo.
- Caso seja feita consulta a Artigo e/ou matéria de jornal, fazer a referência da seguinte forma:
FERREIRA, Julio. Praias brasileiras dão banho de beleza. Folha de S. Paulo. São Paulo. 10 de abril de 1987. Folha de Turismo. Caderno 8, p. 13.
- Em caso de consulta na Internet:
YANANDA, Ione Aires. A Magia das Velas. Disponível em http://www.33d.com.br/pmvelap.htm. Acesso em: 11 set. 2007.
- É sempre importante respeitar os direitos autorais. Nunca colocar palavras de um autor sem citá-lo.

            Oriente de São Gonçalo, 12 de maio de 2010

                   Irm. Robson Rodrigues da Silva
                              C.I.M 180. 921
Referências:
1. Trabalho da A R L S THEOBALDO VAROLI FILHO nº 2699
2. Normas para Elaboração dos Trabalhos de Pós-Graduação/Especialização – Universidade Estácio de Sá.
3. PERROTTI, Edna M. Barian. Superdicas para Escrever Bem. 2ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva. 2009.